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Estilo, escala e conflito: a nova guerra das imagens

GPT‐4o eleva a geração de imagens a um novo patamar, e reacende o debate sobre ética, direitos e visibilidade no mundo artístico.

Imagine a seguinte cena: um artista plástico sentado em frente ao cavalete, pincel na mão, olhando para uma tela em branco. Do outro lado da cidade, uma pessoa digita em um laptop: “crie uma imagem no estilo impressionista de uma raposa tomando chá com um robô, num jardim japonês ao entardecer”. Em segundos, a tela se preenche com algo digno de uma galeria.

Essa é a realidade trazida pela nova solução de geração de imagens da OpenAI, embutida diretamente no modelo GPT-4o. Uma IA capaz de entender o contexto de uma conversa, misturar referências visuais e linguísticas, seguir instruções detalhadas e entregar imagens precisas, desde um cardápio coreano ilustrado em estilo Peter Rabbit até um pôster institucional com tipografia perfeita.

Mas a cada salto que a geração de imagens por IA dá, voltam as polêmicas anteriores.

O poder do GPT‑4o: quando imagem e texto falam a mesma língua

A nova solução de imagem da OpenAI não é só um salto em qualidade estética, é uma mudança muito mais profunda. Agora, imagens não são mais um “extra”, mas parte nativa da conversa. A IA entende contexto, histórico, tom, e entrega imagens úteis: cartazes, infográficos, storyboards, cenas de videogame, menus de restaurante, convites de casamento, mapas, memes. Se você pedir uma receita, nem precisa colocar os ingredientes, o próprio GPT-4o já resolve isso sozinho. O ChatGPT é um motorzinho dentro da geração de imagens. Ajuda tanto na interpretação contexto como até na elaboração do conteúdo.

E o mais impressionante: escreve texto dentro da imagem com precisão tipográfica. Algo que, até ontem, precisava de soluções de terceiros (Passar pelo Photoshop ou Canva, por exemplo) e dava mais trabalho, agora já sai pronto.

Imagine o impacto disso em empresas, agências, criadores independentes. Visuals não são mais um gargalo. São um fluxo contínuo, ao alcance de qualquer pessoa com uma ideia na cabeça e um prompt na ponta dos dedos.

Mas e os artistas? Uma polêmica com traços muito marcados

Desde que a IA começou a gerar imagens com qualidade profissional, uma pergunta paira no ar como uma nuvem carregada: “De onde vêm esses estilos?”.

A resposta, em boa parte, incomoda muitos artistas: os modelos foram treinados com milhões de imagens disponíveis na internet. Incluindo obras autorais. Sem consentimento. Sem compensação.

Para muitos criadores visuais, isso soa como pirataria com outro nome. Eles argumentam que, se uma IA consegue simular o “traço” de um ilustrador famoso, ela está explorando uma assinatura estética que levou anos (às vezes décadas) para ser desenvolvida.

Além disso, como a IA é fácil de usar e escalável, muitos temem que o mercado se inunde de versões diluídas de estilos antes considerados únicos. Um artista que aprende a imitar outro estilo não vira um grande problema porque tem uma produção muito limitada. Já a IA, não tem limites.

O temor não é só perder espaço, mas ver o valor da sua arte ser diluído em imagens geradas em segundos por alguém que nunca pegou num lápis.

O fator “gatekeeping”: o desconforto com a perda da exclusividade

Falando em quem nunca pegou um lápis, esse é o ponto mais delicado. E talvez o mais incômodo de admitir.

Durante muito tempo, dominar certas ferramentas criativas (como Photoshop, aquarela, perspectiva, anatomia) funcionou como uma barreira de entrada. Era isso que separava os “profissionais” dos “amadores”. Havia uma espécie de hierarquia tácita baseada no esforço técnico. E, com isso, também um certo senso de pertencimento, quase de elite.

Com o avanço das IAs, esse domínio técnico não é mais essencial. Hoje, uma criança com uma boa ideia e acesso ao ChatGPT pode gerar imagens dignas de capa de revista. Isso mexe com egos, com status, com o senso de identidade de muitos profissionais.

É possível que parte da resistência à IA seja, ainda que inconscientemente, uma reação a essa quebra de exclusividade. Afinal, quando todo mundo tem pincel, o que diferencia o artista?

Eu fiz uma imagem do Gabigol, no segundo gol da final contra o River, e teve desde gente comentando “se isso for IA seu desenho está um completa lixo imundo” até esse tipo de coisa:

Um reclamou que SE fosse AI era um lixo, se não fosse era bom. E o outro foi um exemplo claro de gatekeeping. Talvez nem para ela, que é fã de anime, mas para o estúdio e os artistas.

Eu ainda vejo MUITA diferença entre um prompt de um profissional da área e um amador que está só brincando com a ferramenta. Mas mesmo alguém no primeiro uso já consegue um resultado razoável, e pode precisar de anos para ir muito além dos bonequinhos de palito desenhados à mão.

O paradoxo da visibilidade: quando o “plágio” gera curiosidade

Mas a história não é só de perda. Há um outro lado desse fenômeno que poucos comentam: a explosão de visibilidade para os próprios estilos que a IA populariza.

Pegue o Estúdio Ghibli como exemplo. Desde que as imagens geradas com o GPT-4o começaram a viralizar com “estilo Ghibli”, o volume de buscas no Google por esse termo explodiu. Milhões de pessoas que talvez nunca tivessem assistido a A Viagem de Chihiro ou Meu Amigo Totoro agora estão conhecendo — e se apaixonando — pelo universo visual do estúdio.

Claro, visibilidade não paga boleto. Mas é um ativo. E como todo ativo, pode (e deve) ser usado estrategicamente.

O novo pincel digital e o futuro da criatividade

No final das contas, talvez a pergunta não seja se a IA deveria gerar imagens, mas como nós, como sociedade, vamos lidar com o fato de que ela já gera, e cada vez melhor. Mesmo quem acha isso ruim não vai ter como evitar.

E, para mim, ainda é uma excelente ferramenta que auxilia os profissionais e abre possibilidades interessantes para quem não tem tempo, ou oportunidade, de aprender algo novo do zero.

Assim como a câmera fotográfica um dia gerou revolta entre pintores acadêmicos, e o Photoshop foi acusado de “matar a arte” nos anos 90, estamos diante de mais um ponto de inflexão. A tecnologia muda. A arte muda com ela. E quem estiver disposto a explorar o novo sem desprezar o antigo, provavelmente sairá na frente.

Porque no fim das contas, seja com pincel, tablet ou prompt, o que realmente importa é o que você quer dizer com a sua imagem.

Se você quiser ajuda para integrar IA no fluxo de trabalho da sua empresa, me mande uma mensagem que marcamos uma sessão estratégica grátis para analisarmos o caso.