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O carro que nunca correu, mas venceu o jogo dos patrocinadores
Como Brad Pitt, uma equipe fictícia e um bom storytelling reinventaram o patrocínio esportivo
Brad Pitt nunca correu uma prova de Fórmula 1, mas conseguiu algo que nem Max Verstappen pode dizer: vender US$ 40 milhões em patrocínios para uma equipe que não existe.
Parece ficção. E é. Só que com lições muito reais pra quem trabalha com marketing.
Quando David Leitch, produtor de “F1: The Movie”, se deu conta do tamanho da conta que tinha pela frente (algo entre 250 e 300 milhões de dólares), ele fez o que qualquer pessoa esperta faz ao ver um orçamento desses: procurou alguém pra rachar a conta.
Só que em vez de ir atrás de investidores ou de um estúdio tradicional, ele foi atrás de algo mais interessante: marcas.

E aí surgiu a sacada.
Se a Fórmula 1, na vida real, já é um grande outdoor em movimento, por que o carro do Brad Pitt também não poderia ser?
Nasceu ali a equipe APXGP, com carro, uniforme, capacete e até drama nos bastidores. E com ela, um novo tipo de inventário de mídia: o patrocínio fictício.
Expensify, Tommy Hilfiger, Mercedes, SharkNinja, EA Sports, IWC, patrocinadores que qualquer equipe real gostaria de ter.

Cada uma dessas marcas enxergou uma oportunidade que muita gente ainda ignora: aparecer dentro da história, não antes dela, nem nos créditos finais. Marcas bem posicionadas, dentro do contexto, que acabam sendo coadjuvantes do filme, não anúncios que interrompem a programação.
E ainda contribuiu para a história dando mais veracidade para uma equipe fictícia, já que tinha patrocinadores que existem no mundo real. Aumentando a imersão de quem está assistindo.
E os resultados vieram rápido.
A Expensify quadruplicou o número de cadastros no mês do lançamento.
A IWC esgotou o modelo de relógio usado por Brad Pitt no filme em apenas 36 horas.

E o filme, mesmo antes de estrear, já tinha reduzido drasticamente seu custo por causa desses acordos. Não é só marketing de produto. É marketing de contexto. As marcas não estão só no cenário. Elas são parte da narrativa.
Mas essa história não começou com Brad Pitt.
Começou quando a Fórmula 1 decidiu que precisava falar com uma geração que nunca ligou a TV pra assistir uma corrida inteira.
Foi aí que surgiu “Drive to Survive”, da Netflix. E, com ela, uma F1 reimaginada: mais emocional, mais acessível, mais humana. De repente, pilotos viraram personagens. Equipes, vilões e heróis.
O público cresceu. Rejuvenesceu. E ficou cada vez mais disposto a comprar o que a F1 vendia, fosse adrenalina, fosse um carrinho do McDonald’s.

O que reinventou a Fórmula 1 não foi a velocidade. Foi a emoção.
Na série da Netflix, a gente se prende ao piloto que chora no rádio. No filme com Brad Pitt, a gente compra o drama da equipe fictícia como se fosse a Ferrari. E no meio disso tudo, as marcas aparecem, não como interrupção, mas como parte da história.
A equipe APXGP pode ser de mentira. Mas a emoção que ela carrega é bem real. E é isso que abre espaço pra vender. Pra engajar. Pra faturar. Porque quando o público se importa, o marketing vira experiência.
Essa lógica, aliás, vale também pro marketing de influência. Os melhores resultados vêm quando o produto entra na vida do criador de conteúdo do jeito certo, sem parecer um anúncio, mas como um pedaço natural da narrativa dele. Exatamente como fizeram as marcas que patrocinaram a equipe fictícia no filme: não interromperam a história, elas se integraram a ela.

E essa fórmula não vale só pra F1. Vale pra um evento que você vai lançar. Pra um produto digital. Pra uma campanha. Pra qualquer projeto que queira ir além da função e contar uma história.
Então, da próxima vez que você estiver criando algo, pense menos em vender espaço. E mais em construir um enredo onde a sua marca seja personagem. Porque é aí que mora o verdadeiro patrocínio: aquele que emociona junto.