Imagine competir contra McDonald’s, Burger King e Madeiro... tendo apenas três lojas físicas e um orçamento de marketing digno de pastelaria de bairro. Parece impossível, certo? Mas foi exatamente isso que o Patties Burger fez: em poucos anos, entrou para o top 5 das maiores vendas de delivery de hambúrguer no Brasil.
E o mais curioso: sem despejar milhões em mídia paga. O segredo está em duas engrenagens que se alimentam mutuamente: produto impecável e marketing autêntico.

O motor duplo: produto e marketing
O Henrique (marketing) e o Jean (operação) são a dupla por trás da marca. E eles entendem algo que muitos empresários esquecem: marketing não salva produto ruim. Por outro lado, um produto excelente pode ser potencializado se o marketing souber ler os sinais e transformar feedback em experiência.
Exemplo? Durante a pandemia, enquanto gigantes ainda patinavam no delivery, o Patties criou um sistema próprio que reduziu o tempo de entrega para 13 minutos. Mais rápido que muito micro-ondas. Isso virou argumento de marketing, mas só porque a operação entregava de fato. Essa obsessão pela entrega refletia até no cuidado com os motoboys. Banheiro exclusivo, tomadas para carregar celular, espaço de descanso. Esse detalhe operacional, que parecia invisível, virou peça-chave na construção de reputação. Porque quem cuida de quem entrega, cuida do cliente no fim da linha.
Do outro lado, quando faltou batata frita por um mês, eles não esconderam o erro. Criaram a campanha “Salva Rolê”, oferecendo batatas alternativas. Resultado? Vendas cresceram 30%. A transparência virou diferencial e alimentou tanto a reputação quanto o caixa.
Produto inspira marketing. Marketing pressiona produto a evoluir. É um ciclo, e é nesse ciclo que pequenas marcas conseguem competir com gigantes.
Collabs que viram chave de crescimento
Se a operação garantiu eficiência, a comunicação deu alma à marca. Nada de campanhas frias e genéricas: eles apostaram em colabs que ninguém esperava.
Bob Esponja foi a “chave mestra” que catapultou a marca para outro patamar.
Chaves virou campanha com tampinha personalizada de refrigerante (detalhe que custou caro, mas encantou).
Até a NASA entrou na brincadeira, com um collab cósmico.
E vale destacar: não era só licenciar personagens. Era mergulhar de verdade na experiência. O copo, a embalagem, o uniforme, tudo se transformava para contar uma história coerente. Essa atenção ao detalhe fez clientes acreditarem que “o Chaves realmente comeria aquele lanche” ou que “o Bob Esponja teria orgulho daquele combo”.

A lógica é simples: enquanto as grandes redes jogam pelo manual, o Patties explora brechas criativas que só marcas menores conseguem ocupar. Isso não é apenas marketing criativo, é estratégia de sobrevivência.
Autenticidade que conecta
Autenticidade, no caso deles, não é postar meme e chamar de “estratégia”. É falar como gente de verdade. Quando a marca erra, assume. Quando tem novidade, compartilha sem pose de CNPJ corporativo. Esse tom aproximou clientes a ponto de alguns tatuarem o mascote da marca.

E essa autenticidade não nasceu de modinha de internet. Henrique, que vinha de grandes empresas, dizia odiar o peso de nunca poder errar oficialmente. No Patties, ele fez o oposto: mostrou bastidores, admitiu falhas e transformou erros em memes. Deu tão certo que, em vez de cancelar a marca, o público se engajava ainda mais.
O próprio slogan, “Making burgers like old times”, não é só marketing. É o norte que guia da cozinha (sem carne industrializada, sem conservantes) até a comunicação. Do hambúrguer ao feed, tudo precisa refletir a promessa.
O que você leva daqui
O case do Patties mostra que não é preciso gastar como gigante para crescer como gigante. Mas exige disciplina e criatividade:
Produto e marketing em ciclo contínuo: operação impecável vira argumento de marca, e insights de marketing puxam evolução do produto.
Autenticidade como ativo: falar como gente, não como CNPJ, cria comunidade e confiança.
Criatividade nas colabs: encontrar brechas que os gigantes não conseguem ou não querem ocupar.
Cuidado invisível que aparece: desde motoboys respeitados até embalagens pensadas, cada detalhe vira parte do storytelling.
Quer se aprofundar? Vale assistir à entrevista completa no Desmarketize-se, que inspirou esta edição: vídeo aqui.

O poder do branding bem servido
No fundo, o que o Patties fez foi simples de dizer, mas difícil de executar: cuidar com a mesma intensidade da cozinha e da narrativa. O hambúrguer precisa ser bom. Sem carne industrializada, sem atalhos. Mas só isso não basta. É a história contada em volta do produto que transforma cliente em comunidade, fila em movimento cultural e colab em ícone pop.
Porque não existe marketing que brilhe se o produto não entrega. E não existe produto que se sustente sem uma história que o carregue. Branding, aqui, não foi só logo bonito: foi transformar valores em experiência. É nessa costura entre coração e operação que o Patties encontrou seu verdadeiro diferencial competitivo.