A melhor mídia é a sua mídia

A melhor maneira de divulgar algo é para o público que já te segue e gosta de você

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Luiz Filipe Carneiro
April 25, 2023

A gente fala muito de mídia paga, de tráfego orgânico, mas não tem nada melhor que você conseguir usar a sua própria mídia para crescer.

Não sei se você já ouviu falar da Lofi Girl.

É um canal de YouTube, com mais de 12 milhões de inscritos, que tem uma animação simples de uma menina, com um gato, num quarto, enquanto toca uma música relaxante. Serve para ficar ouvindo enquanto trabalha ou estuda, por exemplo.

No momento tem 44 mil pessoas assistindo a transmissão mesmo tempo.

Ou seja, é praticamente um vídeo de ruído branco com uma imagem que você pouco vai ver, já que vai ficar a maior parte do tempo em uma aba escondida do seu browser. E mesmo assim tem mais de 12 milhões de inscritos.

Ouvir música que ajuda na concentração é algo bem normal. Tanto que eu até divulguei playlists do Spotify focadas nisso lá no Positivo e Produtivo.

Mas até aí era só um canal com músicas para ajudar a concentrar. Caprichado, mas só isso.

Até que acendeu uma luz azul numa janela lá no fundo da imagem, que chamou a atenção do gato, da garota e do público.

O Twitter da Lofi Girl também divulgou para chamar a atenção de quem ainda não tinha notado.

Aí eles foram soltando mais pistas. A janela azul piscava com um código morse que divulgava a URL lofiworld.com, que também acabou indo pro laptop da garota.

A história é mais longa, tem um link (em inglês) com o passo a passo da investigação. Até com um vídeo do TikTok com uma garota explicando isso tudo, e já tem mais de um milhão de views.

Isso tudo foi feito para lançar mais uma opção deles de música para relaxar. Aquela luz azul vem do quarto do Synthwave Boy.

Mesma estética, cachorro ao invés de gato, quarto virado pro outro lado e músicas um pouco diferentes, mas com a mesma intenção. Eles replicaram a fórmula para dar uma nova opção antes que alguém roubasse esse público deles.

No momento, tem 18 mil pessoas assistindo a transmissão.

E fizeram esse lançamento usando a própria mídia. Instigando com easter eggs dentro dos vídeos, divulgando no perfil do Twitter deles, usando tudo controlado pela empresa. E fizeram isso de uma maneira que agradou muito os clientes deles. Foi tão bem feito que saíram matérias em sites cobrindo isso, muita gente se engajou organicamente e com isso eles conseguiram a melhor divulgação possível sem precisar gastar um centavo. Usaram a mídia deles para poder pautar seguidores e imprensa.

Tudo bem que isso é mais fácil quando você tem 12 milhões de seguidores. Mas tem como aproveitar isso para adaptar à sua realidade.

Você não precisa comprar o Twitter ou o Washington Post para ter a sua própria mídia.

Recentemente comecei um novo projeto, o Produtivo e Positivo. Que visa promover boas práticas de trabalho para facilitar o dia-a-dia sem perder produtividade. Mas eu não tenho 12 milhões de seguidores.

O que eu tenho de principal, 10 mil seguidores no Twitter e uma newsletter com 220 assinantes (somando os do Beehiiv e do LinkedIn). Já é alguma coisa, mas é muito difícil você levar seguidores de uma rede para outra, imagina convencer alguém a seguir um projeto novo, que tem um nicho.

Mas aproveitei a minha mídia. Fiz um perfil no Instagram, uma página no LinkedIn e um perfil no Twitter e divulguei nas minhas redes. Mas isso é o básico. Deu algum resultado mas nada demais, é algo que vai crescendo à medida que eu mantenho uma divulgação constante.

Aí eu resolvi criar uma outra newsletter. Uma do Produtivo e Positivo que fosse focada em divulgar uma ferramenta por semana, o Canivete Digital.

Essas são as fontes de todos os assinantes do Canivete Digital:

  • Desconhecido 39%

  • Twitter 22%

  • LinkedIn 17%

  • Instagram 9%

  • Luizletter 9%

  • Recomendação Luizletter 4%

Twitter, onde tenho mais seguidores, acabou trazendo a maior parte dos assinantes. O LinkedIn, que é onde meu seguidores têm mais o perfil para se interessar pela newsletter, foi o segundo. Não divulguei no meu Instagram pessoal, então quem veio de lá foi no do próprio perfil do Produtivo e Positivo. E chegaram lá, certamente, pelo Twitter ou LinkedIn. Da Luizletter, vieram 9%, mas de link que eu coloquei na edição que divulguei o novo conteúdo.

De recomendação, usando a ferramenta do Beehiiv, só 4%. Mas isso não é ruim. Isso só aparece pra quem acabou de assinar a newsletter. Então depende de novos assinantes na Luizletter para conseguir converter para o Canivete Digital também. E a newsletter já existente não cresce tão rápido quanto a nova.

Mas como eu fica a recomendação cruzada, também colocando para indicar a Luizletter para os novos assinantes do Canivete Digital, e essa segunda tem recebido mais novatos, resolvi dar uma olhada nos recém chegados na newsletter antiga.

  • 65% vindo da recomendação do Canivete Digital

  • 35% vindo do Twitter

No momento, a minha principal fonte de novos assinantes na Luizletter é a nova newsletter! Como os assuntos das duas conversam, como no caso do canal Lofi, dá para fazer essa recomendação cruzada. E tem tido um resultado muito bom, pena que eu não coloquei isso antes.

Nem todo mundo que assina uma já conhece a outra. E as duas se alimentam.

Quando temos vários pontos de contato (Twitter, LinkedIn, Instagram, email, etc…) falamos com diferentes públicos e conseguimos várias opções para alimentar o produto/serviço que estamos divulgando.

A melhor mídia é a sua. Onde você controla.

Quem já te acompanha quer mais informações, se interessa pelo que você fala/vende, é a sua melhor audiência.

Claro que redes sociais têm algoritmos que, muitas vezes, dificultam nosso serviço. Até porque é comum que as redes sociais penalizem links externos para outras redes. Se você está presente em vários lugares, tem uma chance maior de não ficar refém de uma única mídia.

Mesmo a Lofi Girl tenha 12 milhões de inscritos no YouTube, não deixaram de divulgar no Twitter também. Se você tem uma mídia, use. Apesar de não ser fácil você transferir seguidores de uma para a outra (em grande quantidade) é sempre mais um ponto de contato. O SEU público que consome o SEU conteúdo tem grande chance de se interessar pelo que VOCÊ está divulgando. Isso tanto para pessoas como para empresas.