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O dinheiro, no futebol, não vem só de títulos - Luizletter #25

Com vários clubes de futebol sendo comprados no Brasil, começamos a ter mais contato com esse novo formato empresarial no futebol. Sempre torcemos pros nossos times baseados em paixão e pensando em títulos. Mas o futebol-empresa pode ser bem diferente disso.

Muitas vezes os torcedores se animam quando um grupo bilionário compra seu clube já pensando em contratações de peso e títulos. Mas nem sempre esse é o foco de quem comprou. Empresário gosta de dinheiro. E usa a riqueza que tem pra ficar mais rico. Um clube vencedor tem um potencial grande de gerar dinheiro, mas o risco também é alto.

E um time vencedor não é a única maneira de fazer dinheiro investindo no futebol.

Os atores Ryan Reynolds e Rob McElhenney compraram o Wrexham. Um pequeno time galês, de liga regional. Pagaram só dois milhões e meio e libras e se tornaram donos de um dos times mais antigos do mundo. Mas sem nenhuma aspiração de chegar às maiores ligas do Reino Unido.

Eles até tiveram um bom desempenho logo no começo dos novos donos e quase subiram de divisão. Mas esse nem era o foco.

O Rob McElhenney começou a se interessar em comprar um time de futebol depois de ver o Sunderland 'Til I Die, uma série documental sobre uma temporada do time inglês. E fazer a mesma coisa com o Wrexham foi um dos primeiros passos dos novos donos. Venderam os direitos do mesmo formato para o FX que lançou o Welcome To Wrexham, em agosto de 2022.

Só essa produção já rendeu mais de U$ 3mi pro clube. Valor superior ao que foi pago pela compra.

Além disso, o clube ganhou muito em exposição nas redes sociais. Aumentou o número de seguidores do Twitter em 360%, no Instagram em 670% e no TikTok, onde nem tinham conta, chegaram a meio milhão de seguidores.

Falando do TikTok, não foi só a quantidade expressiva de seguidores que merece atenção. A rede social é a atual patrocinadora master do clube.

Outros três patrocinadores também chegaram ao clube após a mudança de donos. Além de ter aumentado a venda de ingressos e de jogos do clube ganharem transmissão na TV, em alguns torneios menores. Pensando na primeira prateleira do mundo do futebol, é coisa pequena. Mas é um case de marketing impressionante para um clube irrelevante. E que mostra como se pode ganhar dinheiro no futebol sem focar em títulos de expressão, nem precisando de torcidas gigantes.

Claro que atores de Hollywood têm mais mídia e isso ajuda muito a impulsionar um clube irrelevante. Mas clubes menores, de bairro, podem focar mais em suas comunidades e ser criativos para ganharem alguma relevância. Não precisam mirar a primeira divisão do país, mas podem ser um programa agradável de fim de semana e parte da identidade de uma comunidade, por exemplo. O que é bem comum em ligas menores na Inglaterra.

Um marketing eficiente consegue criar oportunidades de faturamento para clubes de qualquer tamanho e deveria ter mais atenção no Brasil.