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Os CPFs estão ficando maiores que os CNPJs - Luizletter #10
As redes sociais deram tanta força para personalidades que, em alguns casos, as pessoas levam mais valor para empresas do que o inverso.
Estamos acostumados com os CNPJs validando os CPFs de quem trabalha nas empresas.
"Fulano trabalha na empresa X, então deve ser um grande profissional".
Não que isso não aconteça mais, mas é cada vez mais comum que as pessoas levem relevância para empresas.
Não só pensando em altos executivos que carregam seus currículos para onde vão. Personalidades com relevância em redes sociais emprestam suas credibilidades para os anunciantes. A cada endosso de produto, o influenciador está validando que confia no que está vendendo.
O Carlinhos Maia lançou um perfume com a Jequiti e esgotou em sete minutos. Uma pessoa que "nasceu" nas redes sociais e vende como água tudo que anuncia.
O Omelete é um dos maiores sites de Cultura Pop do país e vive tendo a saída de vários colaboradores. Alguns saindo para outras mídias e outros seguindo carreira solo. Até um dos fundadores, Érico Borgo, saiu para criar outra empresa.
Muitos deles cresceram dentro do Omelete e chegaram a um ponto que já tinham uma relevância que facilitava a migração para outro projeto, onde chegariam com mais valor ou até mesmo sendo sócios ou donos.
No futebol, sempre tivemos craques com seus próprios fã clubes. Mas cada vez mais os jogadores ganham relevância em relação aos clubes.
Quem sempre enfatiza isso é o advogado Marcos Motta, especializado no futebol atendendo alguns dos maiores jogadores do mundo e seus clubes.
.Players are The New Players.
— 𝐌𝐚𝐫𝐜𝐨𝐬 𝐌𝐨𝐭𝐭𝐚 (@mottamarcos)
9:33 AM • Oct 27, 2021
O link que ele postou, inclusive, me ajudou a ter mais material pra escrever esse texto que eu já vinha juntando alguns retalhos.
O texto fala sobre o Manchester United ser o único dos maiores clubes do mundo a não monetizar diretamente as redes sociais, preferindo usar os jogadores como influenciadores.
Quando comparamos o perfil do United com o do Flamengo (sempre que posso, é o meu exemplo) vemos que os ingleses não têm nenhuma exposição de patrocinador, (tirando no uniforme) enquanto o clube Carioca promove várias ações de marketing.
Eu acho uma ótima ideia usar os jogadores como influenciadores. Mas, pessoalmente, não deixaria de usar o perfil oficial do clube como mídia. Não faz mal fazer os dois.
De qualquer maneira, vale ressaltar a relevância dos jogadores. Muitos levam fãs junto para o clube que chegam.
Eu mesmo passei a acompanhar até o Lyon por causa do Paquetá.
Não é raro ter jogadores com mais seguidores que os clubes que atuam. Até porque conseguem ir agregando fãs dos times por onde passam, torcedores da seleção que o jogador defende, e qualquer um que se interesse pelo atleta.
Por exemplo, o Neymar tem mais seguidores que o PSG.
Para segurar os talentos tem que investir nas pessoas
O Nubank levou a cantora Anitta para o conselho da empresa. Ela não é só uma garota propaganda. Faz parte do board que toma as decisões da empresa. Você pode até questionar o peso dela nessas decisões, mesmo que ela tenha uma atuação como empresária, a associação com a imagem da artista reforça o perfil jovem e inovador do banco, pegando carona na personalidade da Anitta.
Sem contar que ela está consolidando uma carreira internacional, que pode até ser um caminho que o Nubank pode buscar em breve. Já com uma embaixadora dentro da empresa.
O podcast Flow (um dos maiores do país) acabou criando vários filhotes. Replicaram a receita que deu certo com eles em vários programas que estão apostando. Mas, para isso, precisavam ter outros apresentadores. O ponto fraco, para eles, era investir num podcast que tem sempre muita conexão com o host, que poderia sair quando já tivesse uma fan base grande para criar seu próprio programa independente.
Para evitar isso, eles não só contratam os apresentadores, são sócios. O host não tem custo, já que os Estúdios Flow cuidam de toda a estrutura, e só precisam apresentar, sem riscos.
Sem essa ligação societária é muito difícil segurar alguém de grande relevância porque hoje é mais fácil criar um canal, perfil, ou podcast e monetizar. O mais difícil é conseguir um grande alcance, quando a pessoa já tem isso consegue abrir um leque muito grande de opções.
Assim como as startups fazem para segurar talentos, dar parte da empresa funciona bem para evitar a saída de alguém.
Pessoas sempre ajudam a criar vínculo. Têm cara, personalidade e conseguimos nos relacionar muito melhor do que com uma marca.
Antigamente quem ditava as personalidades eram a TV, o cinema, grandes gravadoras, só quem tinha grande exposição na mídia. Ou você fazia parte de alguma empresa maior que ia te projetar, ou não seria relevante o bastante.
Com o o alcance através de redes sociais, ficou muito mais fácil para qualquer um que já tenha um público cativo migrar de um lugar para o outro, ou até criar projetos próprios. Levando junto seu maior trunfo, os fãs.
🎙 Podcast com a entrevista completa com o CEO de mídia do United (em inglês 🇬🇧).