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Quando criatividade supera dinheiro
A estratégia que fez a Nike vencer uma batalha de marketing nas Olimpíadas de Atlanta
Em 1996, durante as Olimpíadas de Atlanta, a Nike mostrou ao mundo como é possível dominar um evento global sem ser um patrocinador oficial. A Reebok havia desembolsado US$ 50 milhões para garantir o status de patrocinadora oficial da equipe olímpica dos EUA, uma aposta alta para ganhar visibilidade durante os Jogos.
Mas a Nike tinha outros planos e provou que não precisava ter o título de patrocinador oficial para roubar a cena.
A Nike montou uma estratégia de marketing de guerrilha, começando com a construção de um centro de hospitalidade de 1.400 metros quadrados a poucos metros da entrada da Vila Olímpica. Esse espaço, que era gratuito para os atletas, servia como um local para relaxamento e encontros com familiares, além de ser palco de entrevistas com a mídia.
Além disso, a marca investiu pesado em publicidade externa, espalhando mais de 1.000 outdoors por Atlanta, com slogans impactantes como "You don't win silver — you lose gold". Esses anúncios estavam por toda parte, exceto nos locais oficiais das competições (por questões legais), o que garantiu uma presença massiva da Nike durante os Jogos.
O auge da campanha da Nike veio quando Michael Johnson, um dos maiores astros do atletismo, usou tênis dourados personalizados pela Nike durante suas corridas. Quando Johnson venceu a medalha de ouro nos 400 metros, quebrando o recorde mundial, seus tênis dourados se tornaram o símbolo dos Jogos, gerando uma publicidade imensa e gratuita para a Nike.
Além disso, a Nike distribuiu milhares de bandeiras com seu logo para os espectadores que entravam nos locais das competições. Isso resultou em imagens de multidões acenando bandeiras da Nike, capturadas pelas câmeras de TV, um golpe de mestre que contornou as regras que proibiam anúncios de marcas não patrocinadoras dentro dos estádios.
O resultado dessa estratégia foi impressionante: uma pesquisa revelou que 22% dos americanos acreditavam que a Nike era a patrocinadora oficial dos Jogos, enquanto apenas 16% reconheceram a Reebok como tal. As vendas da Nike dispararam 22% após os Jogos, demonstrando o sucesso absoluto da sua abordagem.
Essa história deixa uma lição valiosa para todos nós: não se trata apenas de quanto dinheiro você investe, mas de como você joga o jogo. Não que a Nike tenha investido pouco, certamente isso custou uma fortuna mas, possivelmente, menos do que a Reebok pagou no total. E ainda tiveram um retorno maior.
A Nike provou que criatividade e ousadia podem superar qualquer concorrente. Em um mundo onde a publicidade paga está cada vez mais saturada, a autenticidade e a inovação são as chaves para se destacar. Se há algo a aprender com a Nike em 1996, é que o melhor marketing não depende apenas de grandes investimentos, mas de criar uma conexão genuína e impactante com as pessoas.
E existem casos até anteriores. O Pelé parava para amarrar as chuteiras na hora de bater o meio de campo para mostrar o patrocínio da Puma.
(Isso aí era uma boa imagem na época, juro)
E tem até o anti-marketing de guerrilha.
Mais uma vez, a Nike estava no meio. Na entrega da medalha de ouro para o Dream Team, nas Olimpíadas de 1992, o Jordan usou uma bandeira dos EUA para esconder o Reebok no agasalho dele.
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