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Salvando os streamings
Vários serviços diferentes com milhares de conteúdos, falhas de interface e dando prejuízo
Streaming é a forma mais comum de consumir conteúdo de filmes e séries, mas ainda falham muito em como acessamos esse material.
Mas onde tem essa série?
Já tem aquele conhecido problema de não saber onde passa aquela série que seu amigo indicou. Aí precisa de um app pra encontrar.
Esse problema de saber onde assistir um seriado até tem alguma tentativa de solução com serviços que tentam integrar várias assinaturas. No Prime Vídeo e Na AppleTV+ tem como conectar algumas opções de streamings para ver no mesmo lugar. Mas nem sempre funciona bem.
SmartTVs e Set Top Boxes (como FireTV) costumam ter divulgação de alguns conteúdos nas suas interfaces. Mas ainda assim é confuso e não costuma ser atraente.
Assino tanto streaming e não tenho nada pra ver
Tem também o problema de ter tanto conteúdo disponível que a gente nem sabe o que vai interessar. Ainda mais se for de algum streaming menos popular. Descobri quase por acaso a excelente Silo, na AppleTV+. Como a empresa não costuma fazer divulgação por aqui dependemos de alguém indicar, ouvir em algum podcast, ler em uma newsletter.
Confiam demais nos algoritmos, mas nem sempre é o bastante. Até porque, no TikTok funciona bem porque já vai te mostrando. Em streaming você vai ver a miniatura, ler a descrição e só depois pode querer ver um pedaço do trailer.
Sem contar que às vezes até esqueço de continuar algo que nem sei que saiu uma nova temporada, como fiz com For All Mankind, também da Apple TV.
Eu sinto muita falta de sair trocando de canal e descobrir algo novo assim. Pegar um filme na metade e acabar vendo até o fim pra depois ir achar o início. Descobrir um seriado sem querer, só porque tava passando no canal. E isso é impossível. Hoje tem que ver trailer na rede social antes conhecida como Twitter, ouvir um podcast, ler duas newsletters, pesquisar o elenco no IMDB, e aí ie caçar onde passa.
Eu acharia excelente se esses streamings com conteúdo mais variado (Prime, HBO, Netflix) tivessem canais temáticos, ao vivo. Um de ação, um de comédia, um de reality show, coisas assim. Onde a gente pudesse deixar rodando enquanto mexe no celular até surgir algo que chame a atenção. E ainda teria aquele movimento que existia no Twitter da galera começar a comentar organicamente na rede e daqui a pouco todo mundo estar assistindo ao mesmo tempo.
Tanto algo que realmente era ao vivo, como Miss Universo, como até quando passou Vingadores na Globo recentemente. Mesmo que muita gente até tenha o Disney+, ver com a galera, no Twitter, foi um evento social.
Ou mesmo que fosse só pra ter um ruído branco para não se sentir sozinho no home office, sem precisar escolher um programa específico.
E quando você sabe o que quer, ainda pode ter dificuldades de achar o nome porque nem todo streaming consegue destacar bem o nome do conteúdo.
Por maior que seja a TV, muitas vezes os designers se importam mais em fazer uma imagem bonita do que valorizar o texto para facilitar a identificação.
Na Disney isso acontece mais. Já AppleTV+ e Netflix tomam mais cuidado com isso. A Apple deve ate ter um documento de 35 páginas com diretrizes para fazer as thumbs.
Continue Assistindo
Uma das maiores falhas de vários Streamings é esconder o que você estava assistindo. Boa parte do que assistimos são seriados. Então, o mais comum é a gente retomar o que já estava vendo. Fazendo da área de “Continue Assistindo” uma das mais importantes.
No Prime Vídeo é a primeira linha de conteúdo, o que eu acharia óbvio.
Mas não é.
Na Disney, tá lá na DÉCIMA linha de conteúdo. Atrás de vários conteúdos que eu nunca nem dei play no meu perfil. Isso não faz sentido nenhum.
E os esportes?
Não é só de filmes e séries que vivem os streamings. Esportes estão cada vez mais presentes e relevantes. Além dos problemas do resto dos conteúdos, tem suas peculiaridades.
Como tem uma hora específica é normal você chegar um pouco antes do início da transmissão. No Star+ tem até como pedir para ser avisado quando começar a partida. Mas já fiz isso na TV e não adiantou nada. Quando termina o jogo, aparece uma mensagem encerrando a transmissão. Se é na ESPN, geralmente já emenda num pós jogo e até faz a ponte para uma nova partida. No Star+, que é dono da ESPN e tem o mesmo conteúdo que a TV tem, não aproveitam isso.
Tem uma parte boa que é ter uma aba específica para ESPN na lateral do Star+. No Prime Video tem uma aba de TV ao vivo que tem alguns conteúdos além dos esportes. Não é o ideal, mas funciona bem.
Além disso tudo, tem um problema de ser difícil trocar de partida. Se eu tenho interesse em dois jogos ao mesmo tempo, preciso voltar para a tela anterior e selecionar o outro jogo. Que ainda vai carregar e acabo perdendo mais tempo do que deveria.
Sem contar com o delay em relação à TV aberta.
Um streaming para a todos governar!
Juntando todas essas minhas críticas, eu proponho a solução ideal. Baseada na interface da Netflix, com um acesso fácil ao último conteúdo assistido. E o mesmo banner com autoplay de trailer no topo.
Com canais “ao vivo" temáticos (comédia, aventura, realities…), para quem quiser só deixar rolando enquanto faz outra coisa e pode até descobrir novidades.
Também seria excelente separar os eventos ao vivo e ter uma aba dedicada aos esportes.
Isso tudo em uma plataforma unificada com todos os conteúdos, sempre com nomes bem visíveis para facilitar a identificação.
Também seria excelente ter uma criação de conteúdo (podcast, newsletter, etc) sobre as novidades em diferentes temas. Só aquele post mensal de novidades, que soltam em redes sociais não ajuda muito.
Mas os streamings não dão lucro
É, tá aí um grande problema. E as soluções atuais são bem impopulares e talvez nem sejam as mais efetivas.
Depois de anos até apoiando o compartilhamento de senhas, a Netflix começou a cortar isso. E ainda foi aumentando o preço. Poderia ter aproveitado para fazer uma redução para novas contas para mostrar boa vontade com quem ia ficar sem acesso, mas nem isso.
E ainda lançou um plano com anúncios que nem tem todos os conteúdos da plataforma.
A Disney tira conteúdos para não pagar direitos para quem participou das obras antigas. E com isso existe muita coisa que não está disponível em lugar nenhum.
Resolvendo
Não vou aqui nem pensar em mexer em valores. A intenção é tentar pensar em outro tipo de soluções que não sejam tão óbvias.
A ideia da Netflix de apostar em anúncios é a maneira mais comum de se fazer dinheiro online. Mas sou contra como eles fizeram. Existe uma modalidade de publicidade chamada In-Game Advertising, que é propaganda dentro de videogame.
Com isso, você pode colocar, e trocar, publicidade dinâmica depois do jogo pronto. Alguma coisa inserida dentro do conteúdo. E, como citei num artigo recente, hoje as obras são vivas, sempre são atualizadas.
Pode ser um outdoor, vídeos em displays dentro do jogo e até spots na rádio que o motorista está ouvindo no jogo.
Como os próprios estúdios produzem boa parte de seus conteúdos, podem colocar com facilidade espaços para serem explorados dessa maneira. E não precisam ser eternos, você pode fazer atualizações constantes, mudar por localização e até aproveitar toda a inteligência que essas plataformas podem gerar para personalizar mais individualmente a publicidade. Como já se faz com banners há anos. Mas inserido nas obras, não só tacar uma imagem na tela.
E isso pode ser feito até em partidas ao vivo. Já é possível fazer uma personalização das placas de um campo de futebol também.
Uma solução para podermos acessar conteúdos antigos sem que gerem tantos custos para os produtores, seria que eles ficassem disponíveis mediante a um pequeno pagamento dentro da plataforma, ao invés de ser liberado.
O bom e velho aluguel, mas por valores praticamente simbólicos.
Assim, os envolvidos na produção, que têm direitos de reprodução a receber, ganhariam em cima de cada aluguel, não pela presença constante no catálogo liberado. Dando acesso facilitado ao assinante, mesmo que pagando um pouco e sem onerar mais a plataforma.
Só espero que o pessoal da greve de Hollywood não veja isso aqui.
The End
Claro que isso aqui é um monte de ideia que fui jogando e tem muita gente muito bem remunerada contratada para resolver todos esses problemas.
E é exatamente por isso que eu não entendo como ainda existem tantas falhas bestas. Um dos erros mais comuns que vejo é App de streaming na TV que não salva onde eu parei de ver. Disney, Star+ e AppleTV+ não conseguem salvar de jeito nenhum onde parei na TV do quarto. Já na TV da sala o Paramount+ não começa o desenho seguinte quando termina um episódio de Patrulha Canina. Além de todas as falhas de usabilidade que listei por aqui.
Na parte dos negócios eu fico indignado como não tentam alternativas mais criativas que mexer só em preço e compartilhamento de senhas. Às vezes parece que os envolvidos estão tão presos dentro do próprio mercado que não conseguem ir além das soluções que todos já adotam.
De qualquer maneira, as coisas vão ter que mudar. Já é muito difícil assinar Disney+, Star+, AppleTV+, Prime Video, Netflix, Paramount+, HBO Max, GloboPlay, Premiere… Não tem como ficar mantendo isso tudo por tanto tempo. A conta não fecha nem pra eles nem pra nós.
Vão precisar ser mais caprichosos nos produtos e mais criativos nos negócios.